segunda-feira, 19 de abril de 2010

A maldição da Culpa

Em 26 anos de pastorado, o mais perto que eu havia chegado de ser demitido da Igreja Batista Bethlehem foi em meados da década de 1980, depois de escrever um artigo intitulado Missões e masturbação para nosso boletim. Eu o escrevi ao voltar de uma conferência sobre missões presidida por George Verwer, presidente da Operação Mobilização. No evento ele disse como seu coração pesava pelo imenso número de jovens que sonhavam em obedecer completamente a Jesus, mas que acabavam se perdendo na inutilidade da prosperidade americana. A sensação constante de culpa e indignidade por causa de erros sexuais dava lugar, pouco a pouco, à falta de poder espiritual e ao beco sem saída da segurança e conforto da classe média.
Em outras palavras, o que George Verwer considerava trágico – e eu também considero – é que tantos jovens abandonem a causa da missão de Cristo porque ninguém lhes ensinou como lidar com a culpa que se segue ao pecado sexual. O problema vai além de não cair; a questão é como lidar com a queda para que ela não leve toda uma vida para o desperdício da mediocridade. A grande tragédia não são práticas como a masturbação ou a fornicação, e nem a pornografia. A tragédia é que Satanás usa a culpa decorrente desses pecados para extirpar todo sonho radical que a pessoa teve ou poderia vir a ter. Em vez disso, o diabo oferece uma vida feliz, certa e segura, com prazeres superficiais, até que a pessoa morra em sua cadeira de balanço, em um chalé à beira de um lago.
Hoje de manhã mesmo, Satanás pegou seu encontro das duas da manhã – seja na televisão ou na cama – e lhe disse: “Viu? Você é um derrotado. O melhor é nem adorar a Deus. Você jamais conseguirá fazer um compromisso sério para entregar sua vida a Jesus Cristo! É melhor arrumar um bom emprego, comprar uma televisão de tela plana bem grande e assistir o máximo de filmes pornográficos que agüentar”. Portanto, é preciso tirar essa arma da mão dele. Sim, claro que quero que você tenha a coragem maravilhosa de parar de percorrer os canais de televisão. Porém, mais cedo ou mais tarde, seja nesse pecado ou em outro, você vai cair. Quero ajudá-lo a lidar com a culpa e o fracasso, para que Satanás não os use para produzir mais uma vida desperdiçada.
Cristo realizou uma obra na história, antes de existirmos, que conquistou e garantiu nosso resgate e a transformação de todos que confiarem nele. A característica distintiva e crucial da salvação cristã é que seu autor, Jesus, a realizou por completo fora de nós, sem nossa ajuda. Quando colocamos nele a fé, nada acrescentamos à suficiência do que fez ao cobrir nossos pecados e alcançar a justiça que é considerada nossa. Os versículos bíblicos que apontam isso com mais clareza estão na epístola de Paulo aos Colossenses 2.13-14: “Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões e cancelou o escrito de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz”.
É preciso pensar bem nisso para entender plenamente a mais gloriosa de todas as verdades: Deus pegou o registro de todos os seus pecados – todos os erros de natureza sexual – que deixavam você exposto à ira. Em vez de esfregar o registro em seu rosto e usá-lo como prova para mandar você para o inferno, Deus o colocou na mão de Seu filho e pregou na Cruz. E quem são aqueles cujos pecados foram punidos na cruz? Todos que desistem de tentar salvar a si mesmos e confiam apenas em Cristo. E quem assumiu essa punição? Jesus. Essa substituição foi a chave para a nossa salvação.
Alguma vez você já parou para pensar no que significa Colossenses 2.15? Logo depois de afirmar que Deus pregou na cruz o registro de nossa dívida, Paulo escreve que o Senhor, “tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”. Ele se refere ao diabo e seus exércitos de demônios. Mas como são desarmados? Como são derrotados? Eles possuem muitas armas, mas perdem a única que pode nos condenar – a arma do pecado não perdoado. Deus pregou nossas culpas na cruz. Logo, houve punição por elas – então, seus efeitos acabaram! O problema é que muitos percebem tão pouco da beleza de Cristo na salvação que o Evangelho lhes parece apenas uma licença para pecar. Se tudo que você enxerga na cruz de Jesus é um salvo-conduto para continuar pecando, então você não possui a fé que salva. Precisa se prostrar e implorar a Deus para abrir seus olhos para ver a atraente glória de Jesus Cristo.
Culpa corajosa – A fé que salva recebe Jesus como Salvador e Senhor e faz dele o maior tesouro da vida. Essa fé lutará contra qualquer coisa que se coloque entre o indivíduo salvo e Cristo. Sua marca característica não é a perfeição, nem a ausência de pecados. Quem enxerga na cruz uma licença para continuar pecando não possui a fé que salva. A marca da fé é a luta contra o pecado. A justificação se relaciona estreitamente com a obra de Deus pregando nossos pecados na cruz. Justificação é o ato pelo qual o Senhor nos declara não apenas perdoados por causa da obra de Cristo, mas também justos mediante ela. Cristo levou nosso castigo e realiza nossa retidão. Quando o recebemos como Salvador e Senhor, todo o castigo que ele sofreu, e toda sua retidão, são computados como nossos. E essa justificação vence o pecado.
Possuímos uma arma poderosa para combater o diabo quando sabemos que o castigo por nossas transgressões foi integralmente cumprido em Cristo. Devemos nos apegar com força a essa verdade, usando-a quando o inimigo nos acusar pelas nossas faltas. O texto de Miquéias 7.8-9 apresenta o que devemos lhe dizer quando ele zombar de nossa aparente derrota: “Não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei (…) Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e execute o meu direito”. É uma espécie de “culpa corajosa” – o crente admite que errou e que Deus está tratando seriamente com ele. Mas, mesmo em disciplina, não se afasta da bendita verdade de que tem o Senhor ao seu lado!
Há vitória na manhã seguinte ao fracasso! Precisamos aprender a responder ao diabo ou a qualquer um que nos diga que o Senhor não poderá nos usar porque pecamos. “Ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei”, frisou o profeta. “Embora eu esteja morando nas trevas, o Senhor será a minha luz.” Sim, podemos estar nas trevas da iniqüidade; podemos sentir culpa, porque somos, realmente, culpados pelo nosso pecado. Mas isso não é toda a verdade sobre o nosso Deus. O mesmo Deus que faz nossa escuridão é a luz que nos apóia em meio às trevas. O Senhor não nos abandonará; antes, defenderá a nossa causa.
Quando aprendermos a lidar com a culpa oriunda de nossos erros com esse tipo de ousadia em quebrantamento, fundamentados na justificação pela fé e na expiação substitutiva que Cristo promoveu por nós, seremos não apenas mais resistentes ao diabo como cometeremos menos falhas contra o Senhor. E, acima de tudo, Satanás não será capaz de destruir nosso sonho de viver uma vida em obediência radical a Jesus e de serviço à sua obra.
John Piper é escritor e pastor da Bethlehem
Baptist Church, em Minneapolis (EUA)

sábado, 10 de abril de 2010

O Medidor de Bondade!

Veja se você é bom o suficiente!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O meu Redentor Vive!


A empresa faliu. De uma só vez tudo foi embora. As ações, as propriedades, tudo. Nada sobrou. Se não bastasse tanta “desgraça”, num acidente trágico, seus sete filhos e três filhas, que se reuniam num jantar, morrem depois de um terremoto que desabou a casa sem deixar um sobrevivente como descendência. Nem um que levasse seu nome à frente. Todos estão sem vida debaixo dos escombros. Após ser golpeado e repentinamente assaltado em tudo que tinha, inclusive em sua prole, aquele homem é acometido de tumores dos pés à cabeça. Se estado é deplorável, daqueles que não gostamos de ver nem na TV. Daqueles que viramos o rosto ou cobrimos os olhos tamanha é a precariedade do que se vê.
Diante da tragédia sem par, sua esposa o incita a amaldiçoar seu Deus e morrer. Seus amigos o acusam de pecado pela situação que vivia. Ele é o culpado de toda a desgraça que lhe sobreveio.
Esse homem, surrado de todos os lados e definhando em pele e osso nada mais espera da vida. É um miserável. Não tem mais nada. Não há mais esperança de que alguém o restitua a sorte, os bens e a família. Não há um parente próximo que não a esposa, que pudesse vir de longe e restaurá-lo a empresa e a terra. Não há ninguém. Todos se foram. Entretanto ele nunca esqueceu do Deus que deu e que tira quando quiser. E nesse momento de profunda miséria Jó diz: “ Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra”.
Só precisa de um Redentor, ou, Resgatador aquele que é miserável. Que não pode fazer outra coisa senão esperar que alguém o resgate de sua deplorável situação. O resgate era responsabilidade de um parente, homem, mais próximo daquele que se via sem nada e perdido. Jó não tinha ninguém, mas ele se lembra que o seu Resgatador vive e que por fim ele se levantaria sobre a “terra”, ou sobre o “pó”. O mesmo pó do qual Deus formou o homem e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida. Jó reconhece que tudo o que é e, julgava ter, é pó e que o seu Resgatador se levantaria sobre tudo isso. Jó sabe que aquele em quem espera não é pó, efêmero e transitório como ele, Ele é o seu Redentor, o seu resgatador.
Temo que o conforto, a vida previsível, a comida, a casa, a família traquila, a empresa que vai bem, os filhos que passam no vestibular, em bons cursos e em boas universidades, talvez nos impeçam de enxergarmos e sentirmos nosso câncer espalhado pelo corpo. Temo que a nossa boa vida nos impeça de enxergarmos a empresa como pó, a família como pó, a vida como pó. Olho para mim e percebo que tenho outros redentores. É certo que eles são pó, mas como estou cego, ponho neles a minha esperança.
Louvo a Deus porque “ele conhece a minha estrutura e sabe que sou pó” e por isso, antes mesmo que eu “caísse em mim” Ele proveu para mim um Redentor que VIVE. Um Redentor que não é efêmero, que não é transitório mas que VIVE. Antes que pó algum tivesse fôlego ele VIVE. Jesus Cristo nos resgatou do pecado, da morte e de Satanás. Ele VIVE. Ele é o meu resgatador. Ele é o meu Redentor. Eu sou pó.